Os hábitos alimentares de crianças e jovens preocupam cada vez mais. O excesso de peso e a obesidade infantil têm vindo a aumentar nos países desenvolvidos. As principais consequências de uma alimentação pouco saudável na infância estendem-se para lá deste período: manifestam-se a longo prazo, passado 30 ou 40 anos, elevando o risco de desenvolver doenças e de morrer mais cedo.
Numa época em que a oferta de alimentos pouco saudáveis está ao virar da esquina, cabe aos educadores, aos pais e à sociedade em geral ensinar os mais novos a comer bem e dotá-los de capacidades que lhes permitam fazer escolhas acertadas desde a infância.
Quando nascemos, existem dois tipos de sabores dos quais gostamos de forma inata: o doce e o salgado. Relativamente aos outros sabores, só vamos gostar deles se aprendermos a fazê-lo, se alguém nos ensinar que também podem ser bons. E quanto mais cedo isto acontecer, melhor.
Deste modo, cabe aos pais contrariarem o que é inato, fomentando desde cedo a exposição a
todo o tipo de sabores. É normal que inicialmente sejam rejeitados alguns alimentos, mas com
o hábito há uma tendência para que se aprenda a gostar deles. Por isso, o truque é mesmo a
persistência.
Contudo, não deve fazer-se da refeição uma hora de discussão. Não se deve valorizar em excesso as reações da criança à mesa ou quando é exposta a alimentos, pois ela vai perceber que captou a atenção e vai repeti-lo sempre. Deve evitar-se fazer proibições, pressões e exigências, pois pode ter um efeito contrário do pretendido. Outro aspeto fundamental é o de comer alimentos saudáveis na presença da criança. As crianças aprendem com aquilo que veem, pelo que é irrelevante dizermos para comerem brócolos se ao mesmo tempo estivermos a comer batatas fritas.
Quanto às guloseimas e sumos, estes devem ser evitados e reservados a dias excecionais. Uma boa regra é não tê-los em casa. Assim garante-se que não farão parte da rotina alimentar. As crianças têm também tendência para preferir aquilo que está mais disponível e que é mais fácil comer. Assim, é bom ter alimentos saudáveis sempre à disposição e prontos a ingerir. Fruta lavada, pão escuro e leite são alguns exemplos que permitem fazer um lanche saudável, em casa ou na escola.
Aquilo que as crianças comem depende de nós, adultos. Quanto mais tarde iniciarmos estes hábitos, mais difícil será garantir que eles se cumprem. Por isso, e citando um antigo ditado, não devemos esquecer que “de pequenino se torce o pepino”.
Joana Pessoa e Luís Amaral, internos de MGF na USF Serra da Lousã